Travão de mão mecânico vs travão de mão eléctrico



O travão de mão eléctrico é um gadget que surgiu não há muito tempo em carros topo de gama mas começa-se a democratizar nos modelos de gama mais baixa. A tendência é ir adaptando determinado equipamento de luxo em toda a indústria automóvel vugarizando-o. Actualmente ainda há modelos que permitem escolher o sistema mas em alguns segmentos é mesmo difícil encontrar viaturas que disponibilizem o clássico travão de mão mecânico.

Perante este dilema as questões que se colocam são estas: travão de mão mecânico ou travão de mão eléctrico, qual escolher? Quais os prós e os contras? E qual a razão da sua invenção?

A propósito deste tema o canal SIC transmitiu uma reportagem sobre viaturas de várias marcas com travões de mão eléctricos e que têm em comum uma determinada curiosidade que não se sabe se é um defeito ou uma característica própria e que é esta: nos casos em que se acciona o modo automático e quando se faz o ponto de embraiagem sem uma mudança engatada, a viatura destrava-se automaticamente, o que pode ser perigoso em certas situações se o condutor não estiver familiarizado com o sistema.

Por isso o alerta foi dado pelo ACP (Automóvel Clube de Portugal) e a PRP (Prevenção Rodoviária Portuguesa): cuidado com o travão de mão eléctrico que pode ser traiçoeiro. Existe o risco para automobilistas e peões e apelam às marcas para que, no mínimo, alertem os condutores devidamente antes de venderem as viaturas com o sistema instalado.

Alguns modelos têm no manual esta informação importante mas outras omitem-na, não se sabe se intencionalmente ou por mero lapso. Na reportagem da SIC foram contactados vários stands de automóveis que desconheciam esta característica. Quando adquirir uma viatura com travão de mão eléctrico integrado o ideal é testar o sistema num espaço aberto, procurando deçifrar todos os truques e "manhas" para se familiarizar com o gadget e evitar surpresas futuras em situações mais apertadas.

Qual a razão da invenção do travão de mão eléctrico?

Mas afinal qual a razão para a invenção do travão de mão eléctrico? Existem várias explicações. A resposta pode ser um misto de todas elas. Do lado ergonómico é uma forma de ganhar espaço de arrumação no túnel central que divide os dois bancos. Também se pode afirmar que é uma maneira mais cómoda de imobilizar o carro pressionando um simples botão com o dedo em vez de se ter necessidade de aplicar a força de um braço, algo que muitas condutoras têm dificuldade em fazer.

Mas há uma outra explicação que devia merecer a antenção dos condutores. O lado prático e cómodo esconde um aspecto económico e descurada pelos mais desatentos. A introdução deste sistema pode também ser vista como uma maneira das marcas "potenciarem" novas avarias nas viaturas, bastante úteis para as oficinas que facturam bastante com a reparação de anomalias quanto acaba o prazo de garantia mínimo de 2 anos.

Antes de se adquirir uma viatura é importante que os condutores tenham a consciência de que a reparação de uma avaria num travão de mão eléctrico é mais cara, bem mais cara do que num travão de mão tradicional, cuja manutenção é bastante simples e barata. Se o condutor não for muito azelha nem andar a fazer peões, o travão de mão manual raramente tem avarias e necessita de pequenas afinações, isto claro está em carros ligeiros de passageiros.

E o que é verdade é que existem muitos condutores que negligenciam o aspecto da manutenção antes de adquirirem uma viatura com travão de mão eléctrico e só pensam nele na hora em que o sistema deixa de funcionar, e reparam no orçamento exigido para a sua reparação. Determinados gadgets electrónicos têm este lado menos positiva. O luxo paga-se caro. Este é um dos lados menos positivos do travão de mão eléctrico mas há outros.



Prós e contras

Todo o equipamento eléctrico do automóvel necessita de energia e de fusíveis. E a maioria dele está ligada à bateria, salvo excepções como alarmes ou outro equipamento extraordinário que se ligam a outras fontes de energia. Por isso outra pergunta pertinente que se coloca é: e se o fusível do travão de mão eléctrico queimar? Ou então e se a bateria ficar descarregada? Provavelmente o sistema deixará de funcionar. Algo que não sucede com um travão de mão tradicional que funciona de modo independente através de um sistema mecânico. O sistema de imobilização de uma viatura é um elemento crucial que não devia estar dependente de electricidade.

Um problema semelhante que se coloca também em viaturas que têm bagageiras somente com abertura eléctrica. Imagine-se que deixa de conseguir abrir a bagageira e tem lá colocado alimentos frescos. Terá de ser obrigado a rebater os bancos para ter acesso ao seu interior. A transformação de sistemas mecânicos simples em sistemas que funcionam em modo exclusivamente electrónico têm esta desvantagem.

As marcas deveriam sempre assegurar ao condutor a possibilidade de funcionamento de um sistema alternativo em modo mecânico caso a parte eléctrica fique inoperacional. Para além disso a introdução de demasiado equipamento electrónico, que dantes era feito por simples sistemas mecânicos, encurta a vida da bateria. Dantes a energia dos carros e o consumo ressentiam-se com o funcionamento do ar condicionado. Agora com a implementação de tanto equipamento electrónico o mais certo é o consumo aumentar ainda mais e a bateria esgotar-se mais cedo do que o previsto.

Conclui-se que as marcas deviam continuar a permitir ao consumidor a escolha entre os dois sistemas e não obrigar a impingir um em detrimento do outro. Há também um outro aspecto curioso. Normalmente as marcas costumam usar o argumento de poupar nos custos de produção para explicar a alteração de sistemas e equipamentos que dantes eram usuais. Muito equipamento é introduzido em viaturas novas por moda do mercado, mas não é o caso do travão de mão mecânico que não se pode considerar um sistema obsoleto.

Um sistema de travão de mão eléctrico pode parecer mais simples de activar mas é mais complexo do que parece já que inclui múltiplos componentes como software, motor, engrenagens, pastilhas, peças hidráulicas, etc. Portanto se o custo de fabrico de um sistema travão de mão eléctrico pode ser mais dispendioso e complexo para as marcas do que um simples travão de mão mecânico qual a razão para a sua implementação? Status, moda, ou talvez interesses económicos por existir um retorno compensável na reparação de futuras avarias? A avaria num travão de mão eléctrico pode tornar-se numa pequena grande dor de cabeça para o condutor.

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